quarta-feira, 28 de março de 2012

Se contestar eles botam pra quebrar.

27/03/2012
 Jornalista tem braço quebrado em abordagem policial
 
A Operação Eirene, desencadeada na manhã deste sábado (24) e finalizada 24 horas depois, tinha tudo para apresentar bons resultados à segurança pública, mas a abordagem realizada por uma guarnição do Grupo Tático Operacional (GTO), da Polícia Militar, resultou em fratura no braço esquerdo da jornalista marabaense Maria Humbertina Santos Pimentel, conhecida apenas como Tina Santos.

Tina relatou à Reportagem na manhã de domingo (25) que estava se divertindo com alguns amigos na noite de sábado num bar situado no canteiro central na VP-8, na Folha 27, quando aconteceu a abordagem. A jornalista teria questionado a forma como a ação estava acontecendo e se envolveu numa discussão com os policiais. Segundo ela, a situação se agravou, e ela foi empurrada, momento em que teve seu braço quebrado pelo policial que soube se tratar do cabo PM V. Fernandes.

“Era umas 22 horas, e eles chegaram mandando todo mundo erguer as mãos. Olhei para o chefe deles [identificado como tenente PM Soares] e disse que aquela não era a maneira correta de nos abordarem porque ninguém ali era bandido”, contou. O policial teria perguntado se ela estava questionando a ação dele, ao que ela respondeu que sim. “Custava chegar e anunciar que estava sendo feita uma operação? Ninguém iria se furtar de abrir a bolsa e colaborar”, comentou.

Tina informou ainda que se identificou como jornalista e repetiu que ninguém que estava em sua companhia era bandido, mas o policial teria entendido isso como desacato a sua autoridade. “Meu amigo foi e conversou com ele. Ele mandou nós ficarmos no nosso lugar, e quando estávamos voltando, outro policial mandou algemar todo mundo porque aquilo era desacato à autoridade. Eu disse 'você não vai me algemar'. Ele [cabo V. Fernandes] começou a me empurrar, e nisso eu senti um baque. Eu nem vi, só senti o impacto”, falou a repórter, relembrando o momento em que sentiu a lesão.

MAIS CONFUSÃO
Depois de perceber que estava machucada e sem sentir mais a mão, Tina afirma ter se direcionado ao tenente que comandava a abordagem e alertado sobre o que havia acontecido. “Virei para o tenente e disse 'olha, o seu policial acabou de quebrar meu braço    ', e ele disse que era o que eu estava dizendo, mas meu braço podia já estar fraturado”, declarou a jornalista, questionando como estaria na rua com o braço fraturado. “Eu nem estava sentindo minha mão”, acrescentou. Ainda de acordo com ela, os policiais começaram novamente a empurrá-la para colocá-la na viatura e teriam, inclusive, apertado o braço fraturado.

“Nazareno [o amigo] entrou no meio, e ele ainda apertou a mão do Nazareno a ponto de quase quebrar também”, destacou.

Tina foi informada pelos policiais que estava presa e que deveria entrar na viatura do GTO, mas se recusou a seguir com a guarnição. “Eu disse que não entraria na viatura do GTO. Falei que ia ligar pro Ciop ou pro Samu, mas naquela viatura eu não ia entrar”. Enquanto a discussão sobre se entraria ou não continuava, uma amiga dela telefonou para o Ciop, e em dez minutos chegou outra viatura da PM com uma policial feminina. “O Tático não estava com policial feminina na hora da abordagem. Como eles iriam revistar as mulheres se eles não tinham policial feminina?”, questionou a vítima.

Assim que a outra viatura chegou, Tina foi levada pela guarnição ao Hospital Municipal, onde passou por raio-x, e o exame constatou a fratura. Ela acrescentou que, quando se identificou como jornalista, o tenente argumentou que aquilo era o que ela estava dizendo. “Vai ver que nem é. Você se diz jornalista”, teria dito ele. (Luciana Marshall e Eleutério Gomes)

NOTA: Eu também já passei por algumas situações constrangedoras em abordagens policiais. Já fui chamado de boiola por dois PM's na porta da minha casa, só por que eu conversava com dois amigos na calçada, por volta de zero hora, após uma partida de futebol que acabara de passar na TV. Em outra oportunidade, lembro que um policial militar queria que eu desmontasse o banco da minha moto. O cara ficou nervosíssimo quando eu disse que não sabia como. Neste caso minha sorte foi dizer e provar que eu era professor...

Nenhum comentário:

Postar um comentário