sábado, 5 de maio de 2012

A surpreendente história da palavra poupança

Por Sérgio Rodrigues


A palavra da semana, poupança, nasceu no século 19, a princípio com sentido negativo, o de sovinice, e só um pouco mais tarde como nome de uma prática valorizada, a da parcimônia. Se a poupança é um termo oitocentista de origem clara, o verbo poupar (“juntar dinheiro, gastar moderadamente, evitar que se desgaste”), do qual se fez o substantivo, tem cerca de sete séculos e uma história bem mais animada.
A etimologia tradicionalmente aceita de poupar é surpreendente, além de ligeiramente polêmica: filólogos de prestígio como Antenor Nascentes e José Pedro Machado não tiveram dúvida em situar sua origem no latimpalpare, isto é, “apalpar, tocar com delicadeza, acariciar”.
E o que poderia ter o ato de poupar em comum com o de apalpar? Nada além de uma metáfora: basicamente a ideia de, como se diz hoje, pegar leve, ou seja, tocar (o bolso) com delicadeza. Nas palavras de Antenor Nascentes, a pessoa que controla bem seus gastos tem “cautelas de quem apalpa”.
Hmm, será? Nascentes e Machado têm crédito, mas etimologia não é ciência exata. Que a explicação soa um tantinho forçada, soa, mas isso não quer dizer que o seja. O Houaiss lembra que outro filólogo, Antônio Geraldo da Cunha, preferiu considerar a ligação entre poupar epalpare como apenas “provável”, sem no entanto apresentar uma tese alternativa. Talvez seja o caso, portanto, de poupar o ceticismo.

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