segunda-feira, 25 de junho de 2012

SERÁ???


02/02/2012
 às 13:01 \ PESQUISA

Sonhos são interpretados pelo cérebro como atividades reais

(Foto: Thinkstock)
Título original: Dreamed Movement Elicits Activation in the Sensorimotor Cortex
Quem fez: Martin Dresler e Michael Czisch
Instituição: Instituto Max Planck, na Alemanha
Dados de amostragem: Seis pessoas treinadas para terem sonhos lúcidos
Resultado: Ações realizadas durante um sonho são interpretadas pelo cérebro como uma atividade executada enquanto se está acordado
Quando alguém sonha que está caindo, voando, dançando ou mergulhando a sensação é sempre real. O que os cientistas descobriram agora é que o cérebro responde a esses estímulos como se eles estivessem sendo executados enquanto uma pessoa está acordada. Segundo um estudo conduzido por Martin Dresler e Michael Czisch, neurocientistas do Instituto Max Planck, na Alemanha, áreas do cérebro que representam movimentos específicos são ativadas durante os sonhos.
Os pesquisadores utilizaram técnicas de imagens, como ressonância magnética, para “assistir” ao que os voluntários faziam durante o sono. Para conseguir avaliar esses estímulos ao longo da experiência, eles escolheram seis sonhadores lúcidos treinados, ou seja, pessoas que conseguem controlar suas ações nesse estado.
Dresler e Czisch escanearam os cérebros dos voluntários enquanto eles movimentavam as mãos esquerda e direita durante o sonho lúcido. Eles observaram, então, que o registro de atividade neural no córtex sensório-motor do cérebro estava diretamente interligado aos movimentos das mãos realizados no sonho. Em tese, o órgão reagiu ao estímulo como se a pessoa estivesse mexendo os membros enquanto acordada.
“O que a nossa pesquisa sugere é que os sonhos não são representados como cenas visuais, a exemplo do que ocorre quando assistimos a um filme. O ato de sonhar envolve o corpo como um todo”, explica Dresler.
O estudo alemão foi publicado no periódico Current Biology e a expectativa dos neurocientistas é repetir os experimentos com outros sonhadores lúcidos. A ideia do grupo é tentar descobrir como o cérebro responde a sonhos que envolvam movimentos complexos, como andar, falar ou até mesmo voar.
- O que já se sabia sobre o assunto
Neurocientista Sidarta Ribeiro (Foto: Divulgação)
Para o neurocientista Sidarta Ribeiro, do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, o estudo alemão é de grande importância para a comunidade. De acordo com Ribeiro, esta foi a primeira vez que um grupo de pesquisa conseguiu registrar através de imagens as atividades cerebrais durante o sonho. “É difícil uma pessoa conseguir dormir dentro de um aparelho de ressonância magnética para que possamos analisar sua atividade cerebral”, afirmou o especialista. “Essa é uma das razões pela qual existem poucos estudos sobre o assunto publicados em todo o mundo.”
Segundo o acadêmico, só o fato dos especialistas terem conseguido analisar o comportamento de um sonhador lúcido já representa um avanço científico. Essa ativação equivalente nos dois estados (sonhando e acordado) já foi testemunhada no sono, mas nunca comprovada durante os sonhos.
O que é um sonhador lúdico  - O brasileiro explica ainda que o sonho lúcido é uma situação na qual as pessoas têm total controle da situação. “Quase todo mundo já experimentou, especialmente pela manhã ou no cochilo da tar
de”, conta. “Poucas pessoas, contudo, conseguem intervir nas atividades realizadas durante esse estado, embora essa capacidade possa ser aprimorada a partir de treinos, como já acontece na yoga tibetana.”
No futuro, prevê o especialista, será possível treinar uma atividade – jogar uma bolinha de papel no cesto de lixo, por exemplo – durante um sonho lúcido e perceber uma melhora significativa em sua execução quando acordado.
Especialista: Sidarta Ribeiro, professor do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Envolvimento com o assunto: Considerado um dos mais importantes neurocientistas do Brasil, Ribeiro é PhD pela Universidade de Rockefeller e pós-doutor pela Universidade de Duke. Atua nos seguintes temas: sono, sonho e memória, entre outros.
- Conclusão
O estudo conduzido por Martin Dresler e Michael Czisch, na Alemanha, é importante para os cientistas, já que os ajuda a entender melhor o significado dos sonhos. Se no futuro for possível utilizar o sono para simular atividades que serão executadas quando acordados, estaremos vivendo a realidade proposta pelos irmãos Larry e Andy Wachowski no filme de ficção-científicaMatrix.
(Por Renata Honorato)

14/09/2011
 às 13:27 \ PESQUISA

Desejo de ter filhos não é exclusividade das mulheres

(Foto: Thinkstock)
Título original: Emotional regulation of fertility decision making: What is the nature and structure of “baby fever”?
Publicação: Emotion
Quem fez: Gary Brase e Sandra Brase
Instituição: Universidade Estadual do Kansas
Dados de amostragem: 1.190 pessoas
Resultado: Assim como as mulheres, os homens sofrem da chamada “febre do bebê”. Isso significa que em determinado momento da vida eles realmente sentem necessidade de procriar.
Os homens também podem chegar naquela idade em que sentem uma vontade irresistível de terem filhos, a exemplo do que ocorre com a maioria das mulheres. E a explicação para isso é psicológica e não biológica. Segundo um estudo realizado pela Universidade Estadual do Kansas, Estados Unidos, o desejo da procriação é o mesmo entre homens e mulheres, ainda que a maternidade seja mais comentada e analisada.
A urgência em procriar é similar em ambos os gêneros e aparece ocupando o primeiro e o segundo lugar entre as prioridades humanas. Em termos de importância, contudo, a necessidade está à frente do sexo para as mulheres e, obviamente, atrás para os homens. A hipótese é resultado de uma investigação conduzida ao longo dos últimos dez anos por Gary Brase, psicólogo e professor da universidade, e Sandra Brase, sua mulher e co-autora do estudo.
A pesquisa analisou aspectos psicológicos (pressão dos amigos, influência da imprensa e contato com crianças) responsáveis pelo desejo da paternidade e não somente perspectivas sociológicas e demográficas. Para o estudo, conduzido ao longo dos últimos dez anos pelo psicólogo e professor Gary Brase, 1.190 pessoas foram entrevistas. A experiência foi baseada na aplicação de um questionário com a seguinte pergunta: “Qual o seu maior desejo: ter dinheiro, ser famoso ou ter um filho?”. Para a surpresa dos pesquisadores, tanto homens quanto mulheres optaram por ter filhos.
O estudo, publicado no periódico Emotion, da Associação Americana de Psicologia, prevê uma segunda etapa de pesquisa, dessa vez sobre o papel dos hormônios no desejo de procriar.
- O que já se sabia sobre o assunto
Prof. Dr. Rubens de Aguiar Maciel (Foto: Arquivo pessoal)
Para o psicólogo Rubens de Aguiar Maciel, PhD pela Universidade de São Paulo, colaborador do Hospital das Clínicas e um dos únicos especialistas em paternidade do país, a conclusão é relevante, porém não traz nada de novo para a comunidade acadêmica. “Esse desejo é uma reação à sociedade moderna, cujas características estão baseadas no extremo individualismo e competitividade”. Maciel explica que os valores voltados ao dinheiro, ao culto do corpo e a sexualidade, aliados ao processo intenso de urbanização nas grandes cidades, têm transformado as pessoas em indivíduos muito solitários e o desejo de ter um filho é uma tentativa de resgatar os laços familiares.
O especialista não acha necessário conduzir um estudo focado em aspectos psicológicos e não sociológicos, como sugerido pelos cientistas americanos. Para o brasileiro, pesquisas que abordem a paternidade têm de ser contextualizadas de acordo com o momento em que vivemos. “O papel do homem como provedor está dilacerado e hoje ele tem mais facilidade para assumir o desejo da paternidade.”
Sobre a pesquisa, Maciel afirmou não se tratar de nenhum levantamento revolucionário, tão pouco imprescindível. “Criou-se o hábito de realizar estudos fragmentados, separados por determinadas áreas do conhecimento. Essas análises não enxergam o homem como resultado de um momento histórico e acho importante não se perder de vista a dimensão de um indivíduo como um todo”, explica.
“Procriar é um desejo humano”, concorda o especialista brasileiro, “mas não podemos associá-lo somente ao anseio do subconsciente”. No caso da paternidade, em especial, o ambiente é um grande agente transformador.
Especialista: Prof. Dr. Rubens de Aguiar Maciel
Envolvimento com o estudo: Sua tese de doutorado foi sobre paternidade, o que lhe rendeu o posto de um dos únicos especialistas no assunto no Brasil.
- Conclusão
A conclusão da pesquisa americana é um retrato da sociedade. À medida que a mulher se torna mais independente, o homem se sente mais à vontade para assumir o desejo da paternidade e até assumir o controle doméstico da casa, por opção ou necessidade.
(Por Renata Honorato)
26/08/2011
 às 16:31 \ PESQUISA

Pessoas bonitas são egoístas por natureza

Angelina Jolie (Foto: Jason Merritt/Getty Images)
Título originalTestosterone, facial symmetry and cooperation in the prisoners’ dilemma
Publicação: Physiology & Behavior
Quem fez: Santiago Sanchez-Pages e Enrique Turiegano
Instituição: Universidade de Edimburgo e Universidade autônoma de Madri
Dados de amostragem: 292 pessoas
Resultado: Pessoas com rosto simétrico, consideradas bonitas, são mais saudáveis e atraentes. Por essa razão, se sentem autossuficientes a ponto de não ajudarem o próximo e não pedirem ajuda a outros
Os galãs e estrelas de cinema podem até habitar o imaginário humano como pares perfeitos, mas segundo um estudo britânico certamente estariam bem distante do que alguém imagina ser uma parceria ideal. A pesquisa, desenvolvida por cientistas da Universidade de Edimburgo e da Universidade Autônoma de Madri, publicada no periódicoPhysiology & Behavior, sugere que pessoas de traços faciais simétricos, consideradas mais atraentes, tendem a ser egoístas por acreditarem em sua autossuficiência.
O levantamento, apresentado em uma reunião de vencedores do Nobel, em Lindau, na Alemanha, foi baseado no Dilema do Prisioneiro, um conhecido jogo da psicologia onde duas pessoas precisam decidir, isoladamente, se irão cooperar em uma determinada situação ou se irão trair o outro jogador em troca de alguma recompensa. Após analisar os traços faciais de cada um dos 292 voluntários, e cruzar os resultados da experiência, cientistas chegaram à conclusão de que pessoas com rostos simétricos são menos propensas a ajudar ou a esperar o auxílio.
A explicação está na evolução. Em um nível subconsciente, afirmam os acadêmicos, o homem enxerga atributos físicos simétricos como sinal de saúde, o que faz com que indivíduos dotados dessas características sejam considerados mais atraentes pela sociedade. Estudos anteriores sugerem que pessoas com rostos simétricos sofrem menos de doenças congênitas e encontram melhores parceiros para a reprodução. A consequência, garantem os cientistas, está no comportamento dos indivíduos, que se sentem mais autossuficientes e menos dependentes da ajuda alheia.
Os envolvidos na pesquisa, contudo, pedem cautela e afirmam que a conclusão do estudo não pode ser encarada de forma superficial. O que eles querem dizer com o alerta é que não se deve generalizar os resultados e associar o egoísmo a todas as pessoas consideradas atraentes.
- O que já se sabia sobre o assunto
Sérgio Fukusima, professor da USP (Foto: Arquivo pessoal)
A relação da simetria com a atratividade pessoal é um assunto estudado à exaustão pela comunidade científica, especialmente entre os acadêmicos que seguem uma linha de pesquisa psicobiológica ou evolucionista. Segundo Sérgio Fukusima, PhD da Universidade de São Paulo (USP), é plausível que os traços da face se correlacionem com consequências decorrentes dessa atratividade, como status social e características comportamentais que evidenciem o egoísmo.
Outros fatores, no entanto, devem ser levados em consideração, uma vez que a atração vai além da simetria facial. Outros elementos, como cor e qualidade da pele, fertilidade e harmonia do rosto também indicam o quanto saudável é um indivíduo e influenciam diretamente nos aspectos biológicos associados à atração.
“Há ainda os agentes culturais, como moda, que ditam padrões de beleza de tempos em tempos”, completa Fukusima. “Essas alterações podem ser notadas principalmente na TV, no cinema e nas revistas”, afirma o cientista, destacando que nem sempre uma pessoa considerada bonita é egoísta – afinal, o próprio conceito de belo é variável.
Segundo o professor universitário, Estados Unidos, Grã-Bretanha e Austrália são países onde mais estudos nessa área estão sendo desenvolvidos. Além da psicologia, a computação (reconhecimento facial) e a robótica (robôs) também têm pesquisado temas relacionados à simetria.
Especialista: Sérgio Fukusima, professor do Departamento de Psicologia e da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP-Ribeirão Preto)
Envolvimento com o estudo: Possui uma vasta produção científica relacionada à investigação da percepção e reconhecimento de faces.
- Conclusão
Existem fatores comportamentais que comprovam a relação da simetria facial com o egoísmo, mas é preciso ter cautela nas conclusões, bem como ressalta o especialista brasileiro. Se beleza não fosse sinônimo de altruísmo, o que estaria fazendo Angelina Jolie nas ações humanitárias da ONU?
(Por Renata Honorato)

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